Thursday, June 23, 2005

achei-te em portugal

achei


nas cerejas da estação teus olhos como grãos
no areal deste verão tua pele em minhas mãos
e devorei teus olhos enterrado no teu corpo

no tejo teus lábios a refletir a boca do céu
em plena madrugada teus cabelos ao léo
e beijei-te a nado e voei no teu cangote

nas águas livres teus brincos eram arcos
teu umbigo rodava nos mais calientes caldos
corri ao teu ouvido e queimei a língua no teu ventre

nos trilhos do comboio, linhas do teu perfil
na relva dos jardins, tua penugem mais febril
percorri teus limites ao princípio da estação final

estufas preservam as cores de tua maquilagem
pontes pulsam teu sangue de uma a outra margem
e banhei-me nas veias de tuas pálpebras tingidas

as quintas reservam e apuram teu doce fel
espelhos d´água são de lágrimas teu véu
e chorei bêbado de saudade à beira de teu colo

na doçura de belém, tuas carícias bem além
à costa do atlântico teu lombo faz tão bem
debrucei em dorso esplêndido e senti tuas mãos em mim

teus seios embriagam-me em sete colinas
perco-me procurando-te em todas as esquinas
mas nunca vejo-te nas muitas das meninas

achei-te em tudo daqui
achei-me perdido por ti

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