pau torto
cingíamos
aquele mar verde anil do agora raro capim colonião.
eu, com o jovem gaúcho. esperto, arisco e com as patas de trás chegando sempre atrasado, quase na
cabeça da nota, para garantir que eu não sucumbisse à zona de conforto.
já ela,
rasgava o pasto triunfante sobre o afamado maitã.
alto, alvo e com as glórias cicatrizadas na insígnie jk sobre sua
coxa direita.
ela deixou que eu a alcançasse, fez a meia lua com destreza que
sempre admirei e nunca pude igualar, tirou o chapéu e apontou para uma árvore, quinhentos metros adiante.
nascida riste do meio da relva, a velha árvore logo desviava seu tronco para a esquerda e de novo para a direita, ficando para o resto da vida torta.
ela emenda cheia de razão, com sempre:
- filho, a vida é assim. você pode nascer direito, certinho. mas se desviar o caminho, isso te marca pra sempre.
lá se vão uns 20 anos, pelo menos. e muitos foram os aprendizados junto a esse que ela dá o tempo todo até hoje.
junto todos na memória que saem de repente, como as músicas de ninar que brotam não sei de onde, quando ponho minha filha pra dormir.
e sigo aqui, cheio de escoliose.
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