Thursday, December 27, 2007

Garoa paulistana, ácida torrente.

Borrifam do invisível noturno águas de outono. Caindo no meu parabrisa, deixadas à canto por dedos que teimam à custa de vaivens tirar-lhes dos olhos. Quero estar fora. No teto. Na relva. Na areia. No léo. Arme-se de nuvens de vapor o meu redor como tempestade evocada pelas minhas aguras de garoto. Traga-me do infinito a senhora da terra. Senhorita. Mulher. Ofusque o ser imorbe aos seus pés com o desdém piedoso de uma deusa. Vim para fazer-me de ti, disse sem mover os lábios. E faz dos meus calados nascer desejos. Sou de ti desde o umbigo, mulher. Quero que ela me cave na pele sulcos onde corra essa mistura de água mal caída e já embebedada pelo suor dos nossos corpos. Unhas fincadas como troncos enclaves à margem, na beira dos meus nervos à flor da estação. Que caia nas fonículas de seus pêlos que a condensa e destila. Peço ou nem sei se ela ordena que eu receba nos olhos suas lágrimas pluviais, doce fel liquefaz.

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