Monday, March 16, 2009

quem lê essa revista?















pode ser o cara que tá louco pelo ronaldo, puto com os preços do ingresso mas tem o dom de ir de são carlos pro pacaembu ver zero a zero sem o impesável astro.

ou pode ainda ser o cara que tá louco com o ronaldo, puto com qualquer programa esportivo na televisão e grande parte da seção do jornal. aqui entre nós, esse último é evidente manifestação de dor de cotovelo. mas não é esse o assunto.

quem sabe seja o brother que saiu da escola, pegou a revista no sofá da sala e ali mesmo se jogou pra ler, enquanto rola um deep purple no ipod. sua irmã deixou ali quando chegou de manhã, como concluiu pelos flocos de cereal que foram pra sua cara logo no editorial.

bem capaz ser também o doutor flávio. ele tem todas as edições na sua sala de espera, evidentemente uma mais surrada que a outra.

dona silvia e maria joana, a nadadora master do clube da cidade, compartilham suas fofocas, novidades e besteiras como essa no yoga, de manhã.

pode ser o povo da facul que fica comentando no boteco sobre a periodicidade. nunca se sabe quando vai sair a próxima. e, dependendo do curso, pode ser quem fica se perguntando se é estratégia de marketing ou a turma questionadora da eventual efemeridade da informação, a desintegração do que é verdade no simples momento em que é dito ou escrito, para então perder seu valor.

certeza de que pode ser o sêo alberto, que lê tudo (até coisas menos públicas do que revistas e jornais) minutos depois de chegarem à portaria.

e eu tenho que pensar que pode ser até a madre helena, que desprega folha por folha pra forrar a gaiola do periquito.

ou o johnny, que leva pra academia para disfarçar seu cabeludo, mas real interesse visual.

quem sabe a dona olga, apreciadora de qualquer coisa que a vista lhe pesque, durante o cigarrim no cafezim da esquina da escola.

pode ser o mário, a valéria, o francisco, a fran, o chico, a ana maria e a ana carolina (não, não as gêmeas), o roberto e o beto, a vanessa, a van e a nêssa, o virgílio, o marco aurélio, a juliana, a julia, marina e mariana, e maria, a gabriela, bi e gabi, a marcela, o rodrigo, leandro, leonel e leonardo, fábio, mateus, o estevão, o guto, a sabrina e a carla, a rebeca, o carlito ou a vera.

pode ser o tio fred que matou o tadim do mosquito que subia no azulejo (tadim porque são aqueles inofensivos, de banheiro, saca?).

pode ser o zé matando tempo na banheira, a regina na fila do banco, a solange no trabalho, a zefa no serviço, o henrique na varanda, o washignton no telhado, o lau no intervalo, o ruy no supermercado, o lucas na lanchonete, a laura no bumba e o saulo no trem.

pode ser o igor, pela primeira vez, ou o rica, por curiosidade. ou a débora, assídua, ou estela, de ocasião. o juca, por falta do que fazer, ou então a joyce, por aparecer.

o laerte, quando esteve aqui. a elizete, que ganhou de presente porque é amiga do kiko, e disse poder mexer uns pauzinhos na mídia, gerar um auê, saca? ou a tânia, que picou as letras pra carta de sequestro, ou ainda o rômulo, que cortou o miolo pra esconder o jererê. o miltom só porque é revisor e pago pra isso. e pode ser a mariângela, o augusto, o douglas, o marcos, a lucila, o felipe, o ahmed, o rubens, a renata, o guilherme, a sofia e cada um dos anunciantes.



pode ser você, até. aliás, isso é bem provável. poxa, finalmente. não podia chegar aqui sem começar por um humilde:

licença. prazer. daniel.





esboço do meu primeiro texto pra revista circuladô, de são carlos.
ilustração....daya gibele

1 Comments:

Blogger floratomo said...

o prazer é todo meu. daya.

vamos circulá!

1:28 AM  

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