Saturday, October 15, 2016

eu queimei nossas cartas de amor

eu queimei nossas cartas de amor


....sim ! carburei nossas juras de entrega

    , eterna


.que arderam nos anos passados
e agora´limentam o meu jardim



eu queimei nossas cartas de amor
                 .
viraram cinza as letrinhas cursivas
rendidas naquele sonho

um futuro

                  a dois .   .



sim, botei fogo naquelas palavras de amor


pra ver se a fumaça livrava da dor, dessa tinta
que ardia meus olhos quando se vivia

o acaso

o momento
de tirá-las



o pó



Thursday, October 08, 2015

só porque eu sou preta!

ela espera três segundos antes de disparar, indignada, nariz em riste:

- O senhor não me dá bom dia só porque eu sou preta!

com preguiça ele levanta os olhos e rebate, polidamente:

- Não me leve a mal, senhorita.... não digo bom dia a ninguém....

ao que ela retrai a fuça em desalento, antes de emendar:

- Mas iche... esse ninguém salva.

Thursday, October 30, 2014

............amor e clichê.... amor é chilcé.....

... . .. . .. amor é aquilo que você não consegue explicar... mas quando acontece... sabe exatamente como é. . .. .. ..

Saturday, May 24, 2014

intérprete

"- chove em São Paulo."
                             Rosana Jatobá


"- chove em São Paulo."
                             Berijela, garçom do Bixiga


"- chove em São Paulo."
                             Adoniran Barbosa


"- chove em São Paulo."
                             Salva Vidas do Wet´n Wild


"- chove em São Paulo."
                             Usuário do metrô


"- chove em São Paulo."
                             Fernando Haddad


"- chove em São Paulo."
                             Geraldo Alckmin


"- chove em São Paulo."
                             Dilma Pena


"- chove em São Paulo."
                             Morador da Barra Funda


"- chove em São Paulo."
                             Frank Sinatra

Monday, December 02, 2013

ói que chêro!

esse chêro di chuva, táscutano?

….fuuuung! ahhhhhh… tô vêno sim! e tá vino! vem da boa.

ôxintão passum café pá páriá os chêro, que é bão também…

…. … … … .           bão também.

Wednesday, October 30, 2013

assei

juro que sei, bote-me fé

há de me crer, verdade é

absolute-se que sei

só pode ser!


que todo mundo sabe tudo
e se discorda fica puto...
. .se der corda sente orgulho
só pra fingir opinião

pinião

pinião.




.


Monday, September 30, 2013

pra mim pode ser até mentiroso, desde que verdadeiro.

não tenho problema

com quem tem curto nas antena

ou que precisa de eparema

tenho não...


pode ser de deus ou dos inferno

pé de chinelo ou belo terno

que eu também não lhes discerno

que eu também não ligo não. .. .



cearense, marroquino

ludovicense ou lá do minho


tricolor ou destimado

pra mim tá tudo igualado



desde que tenha uma astúcia

que tenha um sabor

seja isso mesmo

e só.


senão vá, ó pá.






pau torto


cingíamos aquele mar verde anil do agora raro capim colonião.

eu, com o jovem gaúcho. esperto, arisco e com as patas de trás chegando sempre atrasado, quase na cabeça da nota, para garantir que eu não sucumbisse à zona de conforto.

já ela,

        rasgava o pasto triunfante sobre o afamado maitã. 

            alto, alvo e com as glórias cicatrizadas na insígnie jk sobre sua coxa direita. 

ela deixou que eu a alcançasse, fez a meia lua com destreza que sempre admirei e nunca pude igualar, tirou o chapéu e apontou para uma árvore, quinhentos metros adiante.

       nascida riste do meio da relva, a velha árvore logo desviava seu tronco para a esquerda e de novo para a direita, ficando para o resto da vida torta.

ela emenda cheia de razão, com sempre:

- filho, a vida é assim. você pode nascer direito, certinho. mas se desviar o caminho, isso te marca pra sempre. 

lá se vão uns 20 anos, pelo menos. e muitos foram os aprendizados junto a esse que ela dá o tempo todo até hoje.

junto todos na memória que saem de repente, como as músicas de ninar que brotam não sei de onde, quando ponho minha filha pra dormir. 

e sigo aqui, cheio de escoliose. 






Tuesday, August 27, 2013

tragédia egípcia

vai morrer um monte de gente amanhã

todo mundo tá vendo, não dá pra negar

os estados unidos por nós vai jogar

meter o bedelho para nos salvar

amanhã morre um monte de gente

egípcio, em suplício, vão virar ar

um monte de gente inocente

um monte de egípcio, pela gente

pela gente.

Wednesday, August 14, 2013



sentei na beirada dum mundo inédito, onde sempre estive. as flores, 3 tipos dentro do mesmo olhar, folhas tremendo na brisa que ja inflou meus cabelos na infância, som da corrente enxurrando os cabos de alta tensão, dialogo ecoando no vapor do asfalto, filtrando a chuva de ontem. tudo vi, senti antes, mas nunca aqui, neste lugar onde nem sei como cheguei. fico, sento e vou.

Sunday, August 11, 2013

aguenta aí bêubêm (marchinha do tetê)

espera só mais um pouquinho, neném

aguenta só mais um tantinho meu bem

que a mamãe já tá vindo para te dar de mamar

espera

espera só mais um pouquinho, neném

aguenta só mais um tantinho bêubêm

qua a mamãe já tá vindo para te dar de mamar

não chora não, aguenta a mão, mamãe tá vindo com a sua refeição...

daquiapouquinho você mama, vai mamar até cair

espera........


espera só mais um pouquinho, neném

aguenta só mais um tantinho meu bem


(e corre mamãe, cooooorre!)

Thursday, April 18, 2013

. .. .....de todas as coisas que o homem já inventou para passar o tempo, amar é a melhor delas. . . .. ... ...

Monday, March 04, 2013

ê menina, é menina.

 .ê menina . . ... .que me faz chorar de alegria ... .

.. .. . só de dar as caras, da noite pro dia     .. .

    . . . de fingir se esconder, pra mostrar  . .

 e mostrar-se com arte herdada... . . . .

 .  ... ... .colando nariz na minha testa .. .

 .. ... e tocando os lábios na minha vida   ......

ê menina. .. ... .

. . .. nem há 5 meses, soube de tua existência..  . . .

 . . e já durmo no sonho onde tu, impaciente:

- papai, não enche! 



Monday, May 21, 2012

clique

harmonia desce em enxurrada violenta pelas veias, feito canos que recebem o empuxo da descarga.

a consciência da vida, ainda que desconcientize-se em meia hora ou vinte anos.. .. . é o botão.


já o dedo que o impulsiona são vários, nenhum ou até todos juntos.

nu. |ú|

Tuesday, April 10, 2012

exige

O morro bebe no missipi.

Mas não me altere o samba tanto assim.

Dá pra viver junto, dá pra rir

Você feito você e eu de mim

Riminha pobreta, métrica careta

Falando bobagem, na bebericagem

Só na malandragem

Mas venho e saio do compasso, improvisa contrabaixo (solo)

Perco o elo, coltrane é belo, torce o cerebelo jazzzzzzzz

Troque o seu não pelo meu sim

Vem viver feliz junto de mim

Dá pra viver junto, dá pra rir

Você feito você e eu de mim

Thursday, March 29, 2012

bão, sô!

estranharam-se no trânsito e um bota a cara pra fora:

- fidapuuuuta!

o outro:

- fidapuuuuta?

o um:

- é!

o outro:

- cêé de ribeirão?

o um:

- sôôô!

o outro:

- eu também! bão?

o um:

- bããão!

Saturday, March 03, 2012

aminhã, tá?

se essa terra nossa tem zanzilhões de anos, mesmo que vez ou outra tenha tido dias e noites mais ou menos curtos, já se passaram uma cacetada deles. os dias, depois das noites (ou antes). todo tipo de criatura que aqui morou, nesse tempo todo, viveu a ideia de fim e começo, de virada, de ponto de descanso, de mesmo simbólica renovação. a amebinha tava no bembom do orvalho e foi tostada logo que pintou o sol. o tê-rex dormiu de barriga pra cima e acordou de lado, já com a lombriga pedindo o desjejum. uma dormiu lagarta pra acordar borboleta. outra deixou pra amanhã trocar o rabito porpernocas de rã. e quando chegou no vulgo sapiens, daí variou a valer. amanhã eu falo pra ela. amanhã peço as contas. amanhã corto o cabelo. amanhã dou um jeito na casa. amanhã sara.

tic tac tic tac triiiiiiiim!!!!!

virou?
virá?
vi.

Thursday, August 18, 2011

andradina

enquanto ela pensa, eu canto

pr´afugentar o espanto (2x)



fala comigo da questão espacial, eu animo

mas completa com a louça pra lavar, desatino


lida com palavra feito número

discorre em prosa que nem máquina de somar



bota emoção numa reta

faz da minha vida sua régua

calcula o tamanho da gota

que para mim vai rolar



tira a medida do tombo

fareja a minha expressão

pra decretar o castigo

justinho pro meu coração



e enquanto ela pensa.... eu canto!

pr´afugentar o espanto (2x)



pergunta o quê e como e quando, onde e qual

meia na pia vira um imenso temporal

toda a poesia se mistura à comida do dia

me pendura na ponta do lápis pra depois dormir


me pendura na ponta do lápis pra depois dormir


me pendura na ponta do lápis pra depois dormir



Friday, August 12, 2011

e é por isso que existe a arte

que existe a literatura, a pintura, a música.

e digo mesmo as ficções, os romances, as coisas inventadas simplesmente pela poesia, qualquer seja a forma. o realismo fantástico, o surrealismo e todas as escolas.

o homem é bom enquanto artista.

porque a relação social é um horror.

a gente não se acha enquanto conjunto. e tá cada vez mais difícil.

e assim é a história, diriam os mais estudados. e por isso mesmo. ume repetição de quem manda mais, quem come quem, isso é meu, nem vem que não tem.

lindo é o homem que pula pela janela pra sair pintando outros mundos.

esses, que muito foram crucificados como alienados. bom, os mesmos estudados acima viriam rápido dizer que viver nessa alienação é virar as costas para o seu papel na mudança de tudo.

certo. e muito digno.

mas tem tanta sujeira aí pra cima que cedo à tentação de pensar que revelador seria vivermos mais de fantasia, como caminho para uma realidade com mais cor.


Sunday, July 17, 2011

adelaide, rou!

faaaaaalta para o brasil!!!!


ele partiu de imediato, sabendo que era para ele. dali, cantinho direito da área maior, bastaria escolher o espaço e o método para a bola entrar. rumou para o ponto branco pedindo a munição. pegou-a com a firmeza de quem recolhe um filho ao colo e a encaixou no berço exato para a menina. tinha a forma fresca da mesma como uma almofada recém usufruída por uma gorducha. nem piscou os olhos e enquadrou a perspectiva do gol à frente. todos os miravam. o zagueiro assustador com olhos del diablo. o goleiro era o reflexo de ume mulher insegura (perdoem o eventual pleonasmo), sem decidir onde fixar o olhar. um caçador de borboletas. sete outros paspalhos degladiavam aos beliscões três metros além da meta. pensou em algumas hipóteses e em alguns segundos partiu para ela, optando pelo ângulo esquerdo livre, clamando ocupação feito uma puta, que recebe e sente prazer com a penetração perfeita.

invertendo completamente a tomada, na diagonal oposta ao gol e ao batedor, no meio da arquibancada, ela movia os lábios molhados de expectativa. pedia aquele gol naquele momento também em câmera lenta. e, como um segundo tento, na mesma trajetória seguinte ao ângulo das traves, seu decote chorava pela bola como se fosse o último dos trigêmeos que fora brincar (ou quicar) por aí.

ele, nem por intervenção físico-espiritual teria a recatada dona em sua espaçosa cabeça. pensava apenas na caçapa que em breve receberia sua pequena.

chutou.

a redonda, caprichosa, delineou um rastro meio de fumaça, meio de purpurina dourada, um arco perfeito, elegante e preguiçoso navegando pelo ar. porém, bem maior do que 3/4 dos torcedores no estádio torciam e esperavam. e, para a meia dúzia que assistiam hipnotizados as crianças da madame da arquibancada, a terceira cria voa com tudo e a beija, com tremenda fúria, bem no meio da testa.

Monday, June 20, 2011

senhoras, senhores e todos os mais

todos aqueles que amaram... o que um dia acabou.

assim .


vácuo interno . . ! fââââÂâlta de ar.

estampido intermintente

falta de fome, muita sede destilada. ......

um poço cheio de poesia na desgraça daquela dor que funde e amassa aqui por dentro de tal jeito que o osso vira pó envenenando a hemoglobina.

e... neste momento. .. . . .como um filme bem dos óbvios, clichês e ambos, a trilha sonora brota do ar como composto naquele exato segundo e para durar dias ou uma vida inteira. .. ..


abaixo ums dessas... .não, necessariamente, nalguma ordem . . .. .

garçom... . . . . aqui nessa mesa de bar...



http://www.youtube.com/watch?v=DXg6UB9Qk0o



http://www.youtube.com/watch?v=SvAg1BVftts



http://www.youtube.com/watch?v=fYnYtT88mCI&feature=fvwrel




http://www.youtube.com/watch?v=za3sJbw822Q

Thursday, May 19, 2011

My Inspiration Is Your Reaction

http://www.youtube.com/watch?v=tj1JC1JmNYw&feature=related

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Friday, May 06, 2011

"...e por falar em saudade..."

saudade de quando me viu
e reviu na retina
a mesma menina,
inquitea, quietinha.

no reflexo complexo de um gesto
fez do meu globo seu mundo
e ela, única inquilina.

percorria minha mente correndo
de um lado pro outro
sorrindo e fugindo
e crescendo além.

me acordava e pulava
e cantava e me amava bem leve
fingindo não estar.

cheiro cor de rosa agarrava
minha nuca e definia meu destino
e eu ia, a voar.

Monday, March 28, 2011

vai delfim!

que nem um carro cuja dona não passa da terceira .

ou uma baleia que só come sardinha em lata . . .

. . jogador bom no botafogo!

. . vai que nem ferrari na mão de barrichello.




vai ser publicitário! vai escrever no twitter!

vai delfim!

alongamento

. . . . . e como se uma força descomunal pressionasse colossais chapas de ferro de um petroleiro, movendo-as 3mm ao mês, ele abriu os olhos. . . .

bundão é aquele que foge da sua obrigação

. .. .seja ela adevogar, curar, ensinar, escrever.. . ..

. . . até mesmo eu, cuja sina é vagabundear!

onde eu tava mesmo?

Saturday, October 30, 2010

samba de novo horizonte

eu vou agora
por um vintém
fazer a vida que eu sempre pedia e nunca veio

eu vou embora
nem vem que não tem
chegou a hora de fazer trouxa e comprar a passagem

pra que vou querer mais dinheiro
ou vagar pelo mundo inteiro
eu vou agora a partir de janeiro
eu vou pro rio, vou de trem

(bis)

eu vou pro rio
eu vou de trem

eu vou pro rio
eu vou de trem

Saturday, October 23, 2010

receita pra mandar o resfriado pro beleléu

conselho, quando é bom, não deve ficar guardado...


meu bom: repouse de verdade, paralise o corpo e mantenha exclusivamente (e em demasia) atividade cerebral. .. .bastante no primeiro dia, menos no segundo e no terceiro estará pronto para nadar 1800 metros... . .

o primeiro dia é como a rodada inicial do truco: você deve matar de qualquer jeito. coma bastante, de conchiglione aos quatro queijos até sopa de legumes com gengibre. . . ..

o dia do meio é interessante, mas exige absoluta sensibilidade. . é a hora de arriscar conforme a malemolência do corpo se dissipe por instantes.. .. e ela finge. . fique esperto para saber se ela se foi, qdo volta ou se está apenas à espreita, atrás da porta feito clara crocodilo. . . .. se for capaz disso, poderá começar o dia com um farto café da manhã. . . frutas, mel e carboidrato, bem-vindaços... e líquido para um dilúvio.. .. .

daí por diante, você pode dançar na sala ler um livro na rede dar uma umazinha assistir um filmito beber chá com uísque relaxar no sofá fazer compras de carro flertar com a cama e até sair pruns copos com os amigos ao fim do dia, no máximo até 1 da matina. .

se dosar bem, no terceiro dia é tomar café, acabar o livro de anteontem e rumar pra piscina. . . .

meu irmão... ao sair dela, o que não vão faltar são flores pra te receber.

Saturday, October 16, 2010

a terra é um velho tapa-uér, enconstado no entulho do quintal de deus.

que a vida dos homens é como um velho tapa-uér, deus já devia ter lido aqui no meu blog (mais por Ele tudo ver do que, propriamente, algo daqui ser de divino interesse)... basta fechar a tampa de um lado para que o outro salte.

agora imagine a vida humana atual projetada em um panlígono de plástico translúcido, com uma gigantesca tampa entrecortada milhares de vezes para servir justamente no respectivo pote, abraçando todos os lados como a suvidade do pouso de um disco voador.... vuuuuuushhhhh....

mas, como luzinhas de natal que não funcionam se uma delas queimar, ou ainda como um católico prostrado ao se ver nu num bacanal e volta atrás, a ponta da tampa mal cola os beiços nos do pote e uma outra, do outro lado, sobe feito magrelo na gangorra.

é o goleiro que fez a namorada de strogonoff......

.. . . .é o video game real palestina vs israel. .. ..

. . . . .reator nuclear russo, em caracas. . . ..

... . .pelé ao microfone. .. ... .

... . .moleque crackeando no lugar do almoço. .

.. . .. nêgo parado em vaga de deficiente. . ..

. .. . . óleo no mar, gás no ar... . . .

enfim, tudo aquilo que distancia cada vez mais o homem do animal... e isso é pessimo... como disse alguém, a principal diferença entre os homens e os bichos é que os primeiros têm consciência de que são irracionais. . .. .

é.. .. . a terra é um velho tapa-uér, enconstado no entulho do quintal de deus.

Thursday, October 07, 2010

tudo É nada

... .. . . .... se, no primeiro momento, pareceu-lhe descabido, logo pensou que não se tratava de uma novidade.. .. .. afinal, conhecia quebra-cabeças das caixas de cereais até os bem menos banais. . .. . de paisagens divididas às centenas aos bichos ou personagens esquartejados em 4 peças.... . . . . .

surpresa foi quando debruçou-se sobre o lixo para apontar seus lápis de escrever
e avistou dezenas de pedacinhos de papel, à deriva.

voltou os olhos ao nível da mesa, buscando pistas para o fenômeno.

jazia ali a carta dela.

voltando ao cesto, saltou nítida nos cacos sua caligrafia.

colhendo um a um como quem costura o passado em colchas de fotografias, uniu as peças, que se ajustavam de ao menos 3 maneiras possíveis.

empreendeu cinco ou seis horas nas composições ouriçais e escreveu milhares de histórias conforme cada reajuste e nova experiência de junção.

mais tudo ali era eles. de todos os jeitos.

possíveis, inimiagináveis, vividos, imaginários.

e, depois de tudo confirmado na carta sobre a mesa, 18.831.984 de possibilidades estavam reduzidas

ao óbvio.

Saturday, July 24, 2010

xi, twittei no blog!

a mão faz, a palavra crucifica.

a translação da lua

ô lua boba de cheia
intrusa fuxiqueira
nem deitar me deixa
se adormeço, clareia

seja dama à flamenco
ou camarada boêmio
a amada, a contento
haja bossa ou lamento

lua cheia, chama na sala
quando no céu se estala
mas chega a madrugada
e faz no quarto sua escala

Saturday, July 10, 2010

mudou-se pro ipê amarelo

tiraram o velho pote de ouro

lá do fim do seu arco íris

obra de um duende ocioso

de sarro quis mudar diretrizes


mas eu já descobri

seu lugar paralelo

foi parar logo ali

no pé do ipê amarelo


(continua...quando eu voltar do ipê amarelo, vou de bicicleta e não breco. antes a janela destramelo pra ver na copa das árvores esse ouro singelo. adeus você, até a volta, com o pote nas mãos nos veremos então. para que prove desse rico metal, compre tudo que lhe tire seu mal. segure as pontas e relaxe a pestana, qu´em duas piscadas eu já volto com a grana)


busquei no bosque o dia inteiro

na praça, na estrada ou jardim

nem flor e nem a árvore veio

queriam é passar trote em mim


eu então conformado

não tem ouro vem ferro

fui voltar pelo lago

topei com ipê amarelo


que pote, que nada

no pé do danado

que ouro, que prata

só flor no chão forrado


foi bom porque eu já tinha perdido

a esperança que brilhara pra mim

pensei então: duende sabido

a flor é mais que ouro ou marfim


fim

Friday, July 09, 2010

d´existir

vem, diz pra mim

se sou eu bem aqui

que sobrou do ser

que deixou de querer

não tem tu vai tu

coma, só tem o frito

toma o troco de bala

breja quente na lata

ah eu não vou reclamar

mais um cá que dois lá

vem dormir, deixa estar

não perca tempo em sonhar

valeu você venceu

errado aqui só sou eu

o que quis, se perdeu

acorda pro mundo, ateu.

insisto? e sinto. e sim, tô.

faz tempo que me deixei

para seguir o que não sei

às vezes sinto nos dedos

e provo o autêntico aroma

mas muda um grau o ponteiro

esvai-me sem pistas, só ais

volto ao vácuo infinito

um pentelho branco a mais

o que vivo era, quedou

cores, sons e porquês

são agora brisa leve

lembranças do que nunca houve

emaranho-me por legos

fácil ligar, lidar, brincar ser feliz

pra em seguida, sedento

buscar a peça rara. impossível?

pela falta d´outra doutrina

das que nunca foram minhas

mais uma ilusão deflagrada

mais uma esmurrada na faca

Tuesday, July 06, 2010

rasguei (letra prum róqui com sucrilhos)

desculpe meu humor matinal
eu juro que não faço por mal

a cólera sem causa me inave faça frio ou faça nada em densidade se arrasta pelo corpo são


corrói até o iogurte integral
nem respirar parece mais natural

dobro os joelhos com o peso e sem sentido agora eu vejo todo desejo em teu sorriso não


desculpe meu humor matinal
mas dói de um jeito pouco normal

minha repulsa com o latente veredicto o contraponto entre o existo e o desisto me lacera então


desculpe meu humor matinal
perdoe meu amor imortal

desculpe meu humor matinal
perdoe meu amor imortal

Monday, June 14, 2010

sai de mim

tire esse caco daqui
ele tá atravessado
no meio das costelas
enervando a sua volta

o espinho, rranquem!
da minha omoplata, svp
pinça, extirpa, mata!
sai zica, sai praga! eei!

cubram o sol que ofusca!
e me racha a cuca, louca.
tapem-lhe as ventas
se manda, se pula! Vai!

Tuesday, June 08, 2010

sonetim do sem-dom

a certa altura, palavras não bastam

adjetivos todos são aquém sujeito

gramática não fez regra que aporte

falta verbete no maior do aurélio


nessa hora tudo é pouco a traduzir

ou qualquer significado atribuir-lhe

tantos eram mas todos se erram

austera barreira a interrogação


vendo a alma por um dom
que diga agora o que não posso
fartas as letras como estão

artista das cores, um pintor
pois estou perdido por ela
cuja beleza afana palavras

Monday, May 10, 2010

. . ..... .. . o melhor da minha vida mal rende má literatura.. . . . .

Monday, April 26, 2010

tá escrito e ponto.

escrever é dar brinquedo aos dedos

e ao mesmo tempo fazer, sem parar

cócegas na maior parte do cérebro


é brincar de deus com seu servo:

o papel que não resiste, tudo topa

ora pro bem, bem mais pro mal


é humilhante se se tem literatura

é libertário se se sente agoniado

é perigoso se se está apaixonado


escrever é preservar o tempo

escrever é gastar o tempo

escrever é viver

o não viver

do tempo

.

golpe baixo

às vezes prefiro ficar surdo

a privar o caro estômago

da sensação. deixa-me curvo.


o ilustre mais um par de entranha

vibra no mesmo volume.

e ele grita! e exclama!


quando tocam clarke nem se fala

pastorious, sizão, ray brown

ou algum do nível que os valha


peco ao preferir a surdez

a não desmiolar os vizinhos

pra sentir o contra-baixo na tez

o que eu passava enquanto o tempo passava

daqui não vou falar tudo que disse nesse tempo calado.

tão útil seria quanto lamentar o caminho não percorrido enquanto andava.

não vou culpar tudo aquilo ou a quem não passaria de uma desculpa. ou duas.

tampouco justificar os excessos a que não me furtei só para esvaziar. . ..me.

mas vivi. e bebi. e sonhei. e trepei. e caí.

e comi. e saí. e ralei. distraí, desisti.

e cantei. e chorei. e não sei? me perdi.

e voltei. e amei. eu senti. existi.

e pirei. e fervi. e coei. me servi.

e ganhei. não rezei. abracei. resolvi.


e logo em seguida fugiu, nas costas de uma libélula zarolha, dentro de dois embrulhos de papel pardo, aquilo que era simplesmente tudo isso.

Wednesday, January 27, 2010

pororoca de si

nada

nade

mergulhe nu

apontando o âmago como a lança de um arpão

mire apenas a intenção de profundidade

naufrague no silêncio absoluto, deeper and deeper

desfaça-se de tudo que não seja eu

insira-se no descontexto. você é apenas um ser vivo.

prove a desconstrução esvaindo-se na pororoca

no encontro de suor, lágrima e sangue

desprendidos de si.

Tuesday, December 29, 2009

em 2010, seja verde.

o que o ribeirão-pretano quer ser quando crescer?

frequentador da única.

Tuesday, December 15, 2009

mulheres. sempre surpreendentes.

- querida, te encontro em frente ao posto,
para enchermos os pneus das bicicletas.

mas vou sem celular, ok?


- mas e se nos desencontrarmos?


- vamos ter de nos virar como antigamente!


- usando a intuição!


- não, meu bem. só a prévia programação.

Friday, December 11, 2009

submarino invisível

hoje eu peguei um submarino

que flutua no ar sem ninguém ver

fui navegando a esmo, porém não ele

sabe-se lá como foi programado

para flagrar meus conhecidos

desde distantes aos queridos

e fui lá eu, num voyerismo inédito

vi sêo luiz devanear na entrada do prédio

pensando em como tirar da vida o tédio

viramos a esquerda e vi meu irmão

completando com alface e salame o pão

mas a cabeça, o pensamento, tava ali não

subimos 4 metros e minha mãe se perdia

usando com a samambaia toda a psicologia

pra descobrir o que de novo tinha o dia

e o submarino que ninguém vê
faz água de ar, e´inda tem mais
entra onde bem entender
pelas paredes, sem bater

subimos então o elevador com o coelho

que buscava algo em seu reflexo no espelho

viu-se regresso a seu tempo de fedelho

fomos parar a beira-mar, quando maria

em sua pele que por mais rubra não ardia

tragava da caipirinha sua eterna anestesia

de mar, pra mar, fui ter com tiago lá no tejo

vendo o sol se por do jeito que eu invejo

mas seu olhar além mar, além sol. quase cego.

subimos a prior coutinho, e ali tava o paulinho

em meio a obelixes e asterixes, ele abria caminho

na certeza de ir. para onde, não sabia um cadinho

e o roteiro continuou ao critério da nave

passei pela vienense do albergue de praga

pelo chris, em viena, o dono da rasgo, em espinho

pelo marmé em madrid, pela renate em paris

pelo gustavo no quadrado, sterlina australina,

passei por muita gente que nem supunha rever

cores, credos, estilos, manias, maneiras a rodo.

todos os tipos, de comum só o momento

exato ali, naquele quando, todos paravam

numa fresta de hora, pra pensar seu porquê

que só de um submarino invisível se pode ver.

Friday, November 13, 2009

detector de caretas

eu não tenho uma calça velha

tenho um detector de caretas

cada rasgo rende um cometário

da boca do primeiro figura

que me olha como um paspalho

abismado com meus frangalhos

impressionante como funciona

se é de manhã, vem antes do bom dia

se é amigo, vem antes do "como vai"

se é chefe, vem antes do "cê é hippie?"

fora as tiradinhas sempre originais:

cachorro te pegou? pulou a cerca?

virou mendigo? tá na moda, ein?

como pode chamar tanta atenção

se nem de perto mostra mais pele

que o vestido da mina da uniban

minha calça deliciosamente velha

incomoda mais que a mulher do padre

Friday, October 16, 2009

eu não existo

eu não existo.

isso é uma gravação

de uma máuqina programada para rir e fazer rir...

e vice-versa.



eu sou uma máquina programada para cutucar o nariz,

escovar os dentes, almoçar religiosamente todos os dias.



sou uma máquina...um androide programado para escrever,

para ler e assistir, inclusive dormir.


estou programado para dizer oi e tchau, roer unhas

e comentar sobre o tempo.


sou uma máquina apta a provocar uma guerra e incitar a paz.


sou uma máquina projetada com altos níveis de semlhença,

estética e funcional, com o que chamam de ser humano.



inevitável dizer...

que eu sou uma máquina programada para morrer.

verão que horário é esse

verão que o começo é difícil

mas o fim do dia recompensa

verão que o dia dura mais

e a noite não tem pressa

verão que a dor do calor

carrega a alegria da luz

verão que parece ilusão

mas a vida fica mais linda

com o horário de verão




e aos que suaram com o trocadilho, peço perdão...

Saturday, August 15, 2009

do meu mundinho, direto pra você

como vai, tudo bem?

aqui de bem a melhor

tem mousse com abacaxi

tucunaré, lambari

bem cedo me pinto de sol

bem tarde entro no lençol

tá chique meu toca discos

tem cinza n´água da piscina

kafta no forno, minhoca no bico

bloody mary inchando meu umbigo

tá certo, tem hora xumbrega

mulher que atrasa, apaga a vela

café amarga, rolha que esfarela

mas de resto, obrigado

não berro, não calo

tudo muito bonito

tudo muito brilhoso

sorriso odioso

sem risco, sem medo

de nada e de tudo

fácil fazer covinhas

mostrar os dentes

sem motivo.

por aqui vivo

é tudo vivo por aqui

não falta nada no mundo

além de você.

Wednesday, July 29, 2009

sábio flamboyant

um flamboyant traz em suas curvas
suaves rugas de sabedoria

pois passa a vida em contorcionismos
incríveis, piruetas que levam anos

percorre caminhos áereos que traçam
no ar curtas, mas quase eternas trajetórias

não é preciso sensibilidade aguçada
para se apaixonar por um flamboyant

ele cativa da semente ao cacho, naquele laranja
que é dele como uma chama de identidade

mas tudo isso é beleza, é encanto. perguntas-me:
mas e a dita sabedoria?

está na raiz... de se saber e se fazer maravilhoso
seja na ilha da avenida, cercado de admiradores

ou no meio de uma floresta,
alheio a olhos de quem quer que seja.

Thursday, July 09, 2009

me dá motivo

faz tempo que não escrevo aqui no brog.
poderia até me sentir mal ao reconhecer isto,
mas a nada levaria e mais: não sinto um pingo de culpa.

pois o que não me faltam são motivos para escrever.
e, se não o faço à tinta, escrevo mentalmente.

com a desgraça
e a maravilha

de fazer a história
em outra dimensão

mas descartável,
legada à efemeridade
da memória.

enfim, o causo que me traz aqui é um lindo motivo que rogava registro.

é importante
é tenso
é revelador
é bobo

nasceu o filho de um grande amigo meu.

malhado de vermei com branco
(ouvi dizer que é restício da placenta)

uma piroquinha tipo minduim e um saco feito ovo caipira

os zóim aberto, tudo curioso

chorando pra burro depois do insensato tapela nos fundos

e sacando só com os olhos . . . . a gatinha de rosa na caminha ao lado.


vem que vem, dé luiz.

Wednesday, June 03, 2009

. .. ... . .frio na barriga é sinal de fogo no coração... . . ... ... . .... .

o dia típico de outono encanta os olhos enquanto disfarça o sopro que gela a alma... assim como uma atípica linda mulher...

Monday, April 13, 2009

encontro

saiu de casa como se casa tivesse, sacudiu o que podia sem cair no chão.

o seu cabelo vinha em desalinho e num gel de sebo liso colou-se então;

sapato fosco de chutar lata e toco. um tinha meio cadarço, outro só um alfinete.

vinha sabido e absrovido: esse era o jeito menos pretensioso de viver a vida:

venha o que vier... e vem quem quiser....

.
depois de meia hora tinha oitenta escovadas torneando cachos impecáveis.

seu cheiro dava um negócio suicida de esquecer de expirar e só puxar...

de preferência do pescoço cor-de-rosa ou do seu laço, ou do seu lenço.

vinha bem certa de que a vida um dia lhe reservaria alguma pilantragenzinha.


e aí, resumindo a história assim bem querendo encaixar uma melodia

pro pessoal esquecer a letra e piraaaaaaar no som.... o maltrapilho se

apaixona pela elegante bonitinhaaaaa......

Thursday, April 09, 2009

abandono imaginário

o saudoso sêo paez disse certa vez: ver as pessoas é questão de preferência... o que subentendi que falta de tempo é mera desculpa para os menos importantes... desde então essa frase me instiga e incomoda... na tênue fronteira entre verdade absoluta e tremenda injustiça... e hoje, vivenciando uma das situações mais gostosas de devaneio (dirigindo sozinho pela estrada), pensei no tempo que fazia desde meu último post aqui no blog... seria displicência com minha mídia? ou com as próprias palavras? este último pensamento doeu... assim como pessoas de quem gosto muito mas não nos vemos ou falamos há anos... e foi neste cruzamento de pensamentos, pessoas e palavras que vivem mais na minha cabeça do que em minha frente, de que cheguei à conclusão... as pessoas que eu amo nunca serão abandonadas, mesmo que não as veja até meus olhos serem digeridos pelos próximos da cadeia alimentar... assim como as palavras que sacodem como milhos numa cabeça de pressão...

e tenho certeza de que sabem que não vivo sem pensar nelas, assim como amigos distantes e até próximos que por algum motivo não aparecem do outro lado da minha mesa no bar...

Saturday, March 21, 2009

ler é algo desestimulante...

...pra quem escreve.

e olha que eu escrevo pelo simples tesão de escrever, sem a mínima expectativa que alguém leia, salvas as exceções e com todo respeito a você, claro.

também acho que deve haver pessoas que compartilhem desse meu sentimento: alguém já disse, e muito melhor do que você poderia pensar em fazer, sobre coisa parecida com o que você escreveria.

isso é um lado. o outro é ler coisas das mais interessantes e geniais de um woody allen ou tião carreiro e pardinho, como podem atestar abaixo.


O mineiro e o italiano viviam as barras
Dos tribunais em uma demanda de terra
Que não deixava os dois em paz
Só de pensar na derrota o pobre caboclo
Não dormia mais
O italiano roncava nem que eu gaste alguns capitais
Quero ver esse mineiro voltar de a pe pra minas gerais
Voltar de a pe pro mineiro seria feio pros seus parentes
Apelou para o advogado fale pro juiz pra ter dó da gente
Diga que nós somos pobres que meus filhinhos vivem doentes
Um palmo de terra a mais para o italiano é indiferente
Se o juiz me ajudar a ganhar lhe dou uma leitoa de presente
Retrucou o advogado o senhor não sabe o que esta falando
Não caia nessa besteira se não nós vamos entrar pro cano
Esse juiz é uma fera, caboclo serio e de tutano
Paulista da velha guarda família de 400 anos
Mandar leitoa para ele é dar a vitória pro italiano
Porem chegou o grande dia que o tribunal deu o veredicto
Mineiro ganhou a demanda, o advogado achou esquisito
Mineiro disse ao doutor eu fiz conforme lhe havia dito
Respondeu o advogado que o juiz vendeu e eu não acredito
Jogo meu diploma fora se nesse angu não tiver mosquito
De fato, falou o mineiro, nem mesmo eu tô acreditando
Ver meus filhinhos de a pé meu coração vivia sangrando
Peguei uma leitoa gorda foi Deus do céu que me deu esse plano
Numa cidade vizinha para o juiz eu fui despachando
Só não mandei no meu nome
Mandei no nome do italiano



(quase chorei e quase chorei de rir ouvindo o causo pelos acordes de viola, piano e voz do "conversa ribeira"). maravilhoso.

Monday, March 16, 2009

quem lê essa revista?















pode ser o cara que tá louco pelo ronaldo, puto com os preços do ingresso mas tem o dom de ir de são carlos pro pacaembu ver zero a zero sem o impesável astro.

ou pode ainda ser o cara que tá louco com o ronaldo, puto com qualquer programa esportivo na televisão e grande parte da seção do jornal. aqui entre nós, esse último é evidente manifestação de dor de cotovelo. mas não é esse o assunto.

quem sabe seja o brother que saiu da escola, pegou a revista no sofá da sala e ali mesmo se jogou pra ler, enquanto rola um deep purple no ipod. sua irmã deixou ali quando chegou de manhã, como concluiu pelos flocos de cereal que foram pra sua cara logo no editorial.

bem capaz ser também o doutor flávio. ele tem todas as edições na sua sala de espera, evidentemente uma mais surrada que a outra.

dona silvia e maria joana, a nadadora master do clube da cidade, compartilham suas fofocas, novidades e besteiras como essa no yoga, de manhã.

pode ser o povo da facul que fica comentando no boteco sobre a periodicidade. nunca se sabe quando vai sair a próxima. e, dependendo do curso, pode ser quem fica se perguntando se é estratégia de marketing ou a turma questionadora da eventual efemeridade da informação, a desintegração do que é verdade no simples momento em que é dito ou escrito, para então perder seu valor.

certeza de que pode ser o sêo alberto, que lê tudo (até coisas menos públicas do que revistas e jornais) minutos depois de chegarem à portaria.

e eu tenho que pensar que pode ser até a madre helena, que desprega folha por folha pra forrar a gaiola do periquito.

ou o johnny, que leva pra academia para disfarçar seu cabeludo, mas real interesse visual.

quem sabe a dona olga, apreciadora de qualquer coisa que a vista lhe pesque, durante o cigarrim no cafezim da esquina da escola.

pode ser o mário, a valéria, o francisco, a fran, o chico, a ana maria e a ana carolina (não, não as gêmeas), o roberto e o beto, a vanessa, a van e a nêssa, o virgílio, o marco aurélio, a juliana, a julia, marina e mariana, e maria, a gabriela, bi e gabi, a marcela, o rodrigo, leandro, leonel e leonardo, fábio, mateus, o estevão, o guto, a sabrina e a carla, a rebeca, o carlito ou a vera.

pode ser o tio fred que matou o tadim do mosquito que subia no azulejo (tadim porque são aqueles inofensivos, de banheiro, saca?).

pode ser o zé matando tempo na banheira, a regina na fila do banco, a solange no trabalho, a zefa no serviço, o henrique na varanda, o washignton no telhado, o lau no intervalo, o ruy no supermercado, o lucas na lanchonete, a laura no bumba e o saulo no trem.

pode ser o igor, pela primeira vez, ou o rica, por curiosidade. ou a débora, assídua, ou estela, de ocasião. o juca, por falta do que fazer, ou então a joyce, por aparecer.

o laerte, quando esteve aqui. a elizete, que ganhou de presente porque é amiga do kiko, e disse poder mexer uns pauzinhos na mídia, gerar um auê, saca? ou a tânia, que picou as letras pra carta de sequestro, ou ainda o rômulo, que cortou o miolo pra esconder o jererê. o miltom só porque é revisor e pago pra isso. e pode ser a mariângela, o augusto, o douglas, o marcos, a lucila, o felipe, o ahmed, o rubens, a renata, o guilherme, a sofia e cada um dos anunciantes.



pode ser você, até. aliás, isso é bem provável. poxa, finalmente. não podia chegar aqui sem começar por um humilde:

licença. prazer. daniel.





esboço do meu primeiro texto pra revista circuladô, de são carlos.
ilustração....daya gibele

Sunday, March 01, 2009

vida velada

nasce que nem benjamin button

alta e de cabelo branco como um mago

e vai, ou melhor, vem do fim pro meio

da vida, diminuindo e esvaindo-se

consumindo-se, desfazendo-se

incinera a própria existência

ardendo viva, na paciência

num exercício vital de penitência

existindo para sumir em palmas

em preces, em trechos de hora

dias, meses ou, (rio) vidas.


e quando a última luz se for

terá-se ido tudo aquilo que

o olho do fogo registrou

enquanto havia

pavio.

Wednesday, February 25, 2009

pregnant brother

quando esse moleque crescer
apanhar da vida em várias idades
e crescer em todas elas
quando tiver a licenciatura tirada
com diploma em pele de carneiro
ou guardanapo de boteco
quando souber que não sabe nada
ou se achar que sabe tudo

quando esse moleque crescer vai entender
que não é do sangue que nasce um irmão
e por isso é bem válido que me chame de tio.

fácil vem, fácil fica

que mel é este
acariciando minhas papilas
quando verto o copo de cachaça?

doce e denso, desce e molha
quente a pena que, de pronto, escreve

em guardanapo de papel, fiel
às maluquices, cafonices e entranhices
de daniel.

Friday, February 13, 2009

o cara tava numas de amar a vida

se o sol ardia ou se só chovia, tava sempre no lucro. fazia tempo que não sorria tanto. decerto que também não se lembrava de tanta chapuletada duma só vez como naqueles tempos. e antes que julguem-no, despertos leitores, um aderente ao sadomasoquismo, fique claro que não optava por receber porrada. apenas acontecia. uma montanha-russa (alguém leu o capítulo sobre os hífens?) onde cada subida de perder o fôlego cede em segundos ao precipício propício (parafraseando aqui wado, de alagoas) seguinte, também cheio de emoção. e, no caso dele, aprendizado. nos dois turnos. dali pracolá foi um clique quando soube que ele tava saindo de um ponto em elipses deitadas, e não mais em círculos estáticos.

ah... mas aí ele riu

-se.

experiências são como livros

mesmo aquelas que parecem péssimas, sempre lhe deixam alguma coisa de bom.

Wednesday, February 11, 2009

a paz mora na pausa

no suspiro
no intervalo


não, não queira
não busque

pare e respire
paz, meu filho
acha-se, jaz
nas polivalentes
reticências

suspenda
prenda
interrompa
pisque
saia


e pacifique-se