Saturday, October 15, 2016
Thursday, October 08, 2015
só porque eu sou preta!
- O senhor não me dá bom dia só porque eu sou preta!
com preguiça ele levanta os olhos e rebate, polidamente:
- Não me leve a mal, senhorita.... não digo bom dia a ninguém....
ao que ela retrai a fuça em desalento, antes de emendar:
- Mas iche... esse ninguém salva.
Thursday, October 30, 2014
... . .. . .. amor é aquilo que você não consegue explicar... mas quando acontece... sabe exatamente como é. . .. .. ..
Saturday, May 24, 2014
intérprete
Rosana Jatobá
"- chove em São Paulo."
Berijela, garçom do Bixiga
"- chove em São Paulo."
Adoniran Barbosa
"- chove em São Paulo."
Salva Vidas do Wet´n Wild
"- chove em São Paulo."
Usuário do metrô
"- chove em São Paulo."
Fernando Haddad
"- chove em São Paulo."
Geraldo Alckmin
"- chove em São Paulo."
Dilma Pena
"- chove em São Paulo."
Morador da Barra Funda
"- chove em São Paulo."
Frank Sinatra
Monday, December 02, 2013
ói que chêro!
….fuuuung! ahhhhhh… tô vêno sim! e tá vino! vem da boa.
ôxintão passum café pá páriá os chêro, que é bão também…
…. … … … . bão também.
Wednesday, October 30, 2013
assei
há de me crer, verdade é
absolute-se que sei
só pode ser!
que todo mundo sabe tudo
e se discorda fica puto...
. .se der corda sente orgulho
só pra fingir opinião
pinião
pinião.
.
Monday, September 30, 2013
pra mim pode ser até mentiroso, desde que verdadeiro.
com quem tem curto nas antena
ou que precisa de eparema
tenho não...
pode ser de deus ou dos inferno
pé de chinelo ou belo terno
que eu também não lhes discerno
que eu também não ligo não. .. .
cearense, marroquino
ludovicense ou lá do minho
tricolor ou destimado
pra mim tá tudo igualado
desde que tenha uma astúcia
que tenha um sabor
seja isso mesmo
e só.
senão vá, ó pá.
pau torto
Tuesday, August 27, 2013
tragédia egípcia
todo mundo tá vendo, não dá pra negar
os estados unidos por nós vai jogar
meter o bedelho para nos salvar
amanhã morre um monte de gente
egípcio, em suplício, vão virar ar
um monte de gente inocente
um monte de egípcio, pela gente
pela gente.
Wednesday, August 14, 2013
sentei na beirada dum mundo inédito, onde sempre estive. as flores, 3 tipos dentro do mesmo olhar, folhas tremendo na brisa que ja inflou meus cabelos na infância, som da corrente enxurrando os cabos de alta tensão, dialogo ecoando no vapor do asfalto, filtrando a chuva de ontem. tudo vi, senti antes, mas nunca aqui, neste lugar onde nem sei como cheguei. fico, sento e vou.
Sunday, August 11, 2013
aguenta aí bêubêm (marchinha do tetê)
aguenta só mais um tantinho meu bem
que a mamãe já tá vindo para te dar de mamar
espera
espera só mais um pouquinho, neném
aguenta só mais um tantinho bêubêm
qua a mamãe já tá vindo para te dar de mamar
não chora não, aguenta a mão, mamãe tá vindo com a sua refeição...
daquiapouquinho você mama, vai mamar até cair
espera........
espera só mais um pouquinho, neném
aguenta só mais um tantinho meu bem
Thursday, April 18, 2013
. .. .....de todas as coisas que o homem já inventou para passar o tempo, amar é a melhor delas. . . .. ... ...
Monday, March 04, 2013
ê menina, é menina.
.. .. . só de dar as caras, da noite pro dia .. .
. . . de fingir se esconder, pra mostrar . .
e mostrar-se com arte herdada... . . . .
. ... ... .colando nariz na minha testa .. .
.. ... e tocando os lábios na minha vida ......
ê menina. .. ... .
. . .. nem há 5 meses, soube de tua existência.. . . .
. . e já durmo no sonho onde tu, impaciente:
- papai, não enche!
Monday, May 21, 2012
clique
a consciência da vida, ainda que desconcientize-se em meia hora ou vinte anos.. .. . é o botão.
já o dedo que o impulsiona são vários, nenhum ou até todos juntos.
nu. |ú|
Tuesday, April 10, 2012
exige
O morro bebe no missipi.
Mas não me altere o samba tanto assim.
Dá pra viver junto, dá pra rir
Você feito você e eu de mim
Riminha pobreta, métrica careta
Falando bobagem, na bebericagem
Só na malandragem
Mas venho e saio do compasso, improvisa contrabaixo (solo)
Perco o elo, coltrane é belo, torce o cerebelo jazzzzzzzz
Troque o seu não pelo meu sim
Vem viver feliz junto de mim
Dá pra viver junto, dá pra rir
Você feito você e eu de mim
Thursday, March 29, 2012
bão, sô!
- fidapuuuuta!
o outro:
- fidapuuuuta?
o um:
- é!
o outro:
- cêé de ribeirão?
o um:
- sôôô!
o outro:
- eu também! bão?
o um:
- bããão!
Saturday, March 03, 2012
aminhã, tá?
tic tac tic tac triiiiiiiim!!!!!
virou?
virá?
vi.
Thursday, August 18, 2011
andradina
enquanto ela pensa, eu canto
pr´afugentar o espanto (2x)
fala comigo da questão espacial, eu animo
mas completa com a louça pra lavar, desatino
lida com palavra feito número
discorre em prosa que nem máquina de somar
bota emoção numa reta
faz da minha vida sua régua
calcula o tamanho da gota
que para mim vai rolar
tira a medida do tombo
fareja a minha expressão
pra decretar o castigo
justinho pro meu coração
e enquanto ela pensa.... eu canto!
pr´afugentar o espanto (2x)
pergunta o quê e como e quando, onde e qual
meia na pia vira um imenso temporal
toda a poesia se mistura à comida do dia
me pendura na ponta do lápis pra depois dormir
me pendura na ponta do lápis pra depois dormir
me pendura na ponta do lápis pra depois dormir
Friday, August 12, 2011
e é por isso que existe a arte
e digo mesmo as ficções, os romances, as coisas inventadas simplesmente pela poesia, qualquer seja a forma. o realismo fantástico, o surrealismo e todas as escolas.
o homem é bom enquanto artista.
porque a relação social é um horror.
a gente não se acha enquanto conjunto. e tá cada vez mais difícil.
e assim é a história, diriam os mais estudados. e por isso mesmo. ume repetição de quem manda mais, quem come quem, isso é meu, nem vem que não tem.
lindo é o homem que pula pela janela pra sair pintando outros mundos.
esses, que muito foram crucificados como alienados. bom, os mesmos estudados acima viriam rápido dizer que viver nessa alienação é virar as costas para o seu papel na mudança de tudo.
certo. e muito digno.
mas tem tanta sujeira aí pra cima que cedo à tentação de pensar que revelador seria vivermos mais de fantasia, como caminho para uma realidade com mais cor.
Sunday, July 17, 2011
adelaide, rou!
ele partiu de imediato, sabendo que era para ele. dali, cantinho direito da área maior, bastaria escolher o espaço e o método para a bola entrar. rumou para o ponto branco pedindo a munição. pegou-a com a firmeza de quem recolhe um filho ao colo e a encaixou no berço exato para a menina. tinha a forma fresca da mesma como uma almofada recém usufruída por uma gorducha. nem piscou os olhos e enquadrou a perspectiva do gol à frente. todos os miravam. o zagueiro assustador com olhos del diablo. o goleiro era o reflexo de ume mulher insegura (perdoem o eventual pleonasmo), sem decidir onde fixar o olhar. um caçador de borboletas. sete outros paspalhos degladiavam aos beliscões três metros além da meta. pensou em algumas hipóteses e em alguns segundos partiu para ela, optando pelo ângulo esquerdo livre, clamando ocupação feito uma puta, que recebe e sente prazer com a penetração perfeita.
invertendo completamente a tomada, na diagonal oposta ao gol e ao batedor, no meio da arquibancada, ela movia os lábios molhados de expectativa. pedia aquele gol naquele momento também em câmera lenta. e, como um segundo tento, na mesma trajetória seguinte ao ângulo das traves, seu decote chorava pela bola como se fosse o último dos trigêmeos que fora brincar (ou quicar) por aí.
ele, nem por intervenção físico-espiritual teria a recatada dona em sua espaçosa cabeça. pensava apenas na caçapa que em breve receberia sua pequena.
chutou.
a redonda, caprichosa, delineou um rastro meio de fumaça, meio de purpurina dourada, um arco perfeito, elegante e preguiçoso navegando pelo ar. porém, bem maior do que 3/4 dos torcedores no estádio torciam e esperavam. e, para a meia dúzia que assistiam hipnotizados as crianças da madame da arquibancada, a terceira cria voa com tudo e a beija, com tremenda fúria, bem no meio da testa.
Monday, June 20, 2011
todos aqueles que amaram... o que um dia acabou.
assim .
vácuo interno . . ! fââââÂâlta de ar.
estampido intermintente
falta de fome, muita sede destilada. ......
um poço cheio de poesia na desgraça daquela dor que funde e amassa aqui por dentro de tal jeito que o osso vira pó envenenando a hemoglobina.
e... neste momento. .. . . .como um filme bem dos óbvios, clichês e ambos, a trilha sonora brota do ar como composto naquele exato segundo e para durar dias ou uma vida inteira. .. ..
abaixo ums dessas... .não, necessariamente, nalguma ordem . . .. .
garçom... . . . . aqui nessa mesa de bar...
http://www.youtube.com/watch?v=DXg6UB9Qk0o
http://www.youtube.com/watch?v=SvAg1BVftts
http://www.youtube.com/watch?v=fYnYtT88mCI&feature=fvwrel
http://www.youtube.com/watch?v=za3sJbw822Q
Thursday, May 19, 2011
Friday, May 06, 2011
"...e por falar em saudade..."
e reviu na retina
a mesma menina,
inquitea, quietinha.
no reflexo complexo de um gesto
fez do meu globo seu mundo
e ela, única inquilina.
percorria minha mente correndo
de um lado pro outro
sorrindo e fugindo
e crescendo além.
me acordava e pulava
e cantava e me amava bem leve
fingindo não estar.
cheiro cor de rosa agarrava
minha nuca e definia meu destino
e eu ia, a voar.
Monday, March 28, 2011
vai delfim!
alongamento
bundão é aquele que foge da sua obrigação
Saturday, October 30, 2010
samba de novo horizonte
por um vintém
fazer a vida que eu sempre pedia e nunca veio
eu vou embora
nem vem que não tem
chegou a hora de fazer trouxa e comprar a passagem
pra que vou querer mais dinheiro
ou vagar pelo mundo inteiro
eu vou agora a partir de janeiro
eu vou pro rio, vou de trem
(bis)
eu vou pro rio
eu vou de trem
eu vou pro rio
eu vou de trem
Saturday, October 23, 2010
receita pra mandar o resfriado pro beleléu
meu bom: repouse de verdade, paralise o corpo e mantenha exclusivamente (e em demasia) atividade cerebral. .. .bastante no primeiro dia, menos no segundo e no terceiro estará pronto para nadar 1800 metros... . .
o primeiro dia é como a rodada inicial do truco: você deve matar de qualquer jeito. coma bastante, de conchiglione aos quatro queijos até sopa de legumes com gengibre. . . ..
o dia do meio é interessante, mas exige absoluta sensibilidade. . é a hora de arriscar conforme a malemolência do corpo se dissipe por instantes.. .. e ela finge. . fique esperto para saber se ela se foi, qdo volta ou se está apenas à espreita, atrás da porta feito clara crocodilo. . . .. se for capaz disso, poderá começar o dia com um farto café da manhã. . . frutas, mel e carboidrato, bem-vindaços... e líquido para um dilúvio.. .. .
daí por diante, você pode dançar na sala ler um livro na rede dar uma umazinha assistir um filmito beber chá com uísque relaxar no sofá fazer compras de carro flertar com a cama e até sair pruns copos com os amigos ao fim do dia, no máximo até 1 da matina. .
se dosar bem, no terceiro dia é tomar café, acabar o livro de anteontem e rumar pra piscina. . . .
meu irmão... ao sair dela, o que não vão faltar são flores pra te receber.
Saturday, October 16, 2010
a terra é um velho tapa-uér, enconstado no entulho do quintal de deus.
Thursday, October 07, 2010
tudo É nada
Saturday, July 24, 2010
a translação da lua
intrusa fuxiqueira
nem deitar me deixa
se adormeço, clareia
seja dama à flamenco
ou camarada boêmio
a amada, a contento
haja bossa ou lamento
lua cheia, chama na sala
quando no céu se estala
mas chega a madrugada
e faz no quarto sua escala
Saturday, July 10, 2010
mudou-se pro ipê amarelo
lá do fim do seu arco íris
obra de um duende ocioso
de sarro quis mudar diretrizes
mas eu já descobri
seu lugar paralelo
foi parar logo ali
no pé do ipê amarelo
(continua...quando eu voltar do ipê amarelo, vou de bicicleta e não breco. antes a janela destramelo pra ver na copa das árvores esse ouro singelo. adeus você, até a volta, com o pote nas mãos nos veremos então. para que prove desse rico metal, compre tudo que lhe tire seu mal. segure as pontas e relaxe a pestana, qu´em duas piscadas eu já volto com a grana)
busquei no bosque o dia inteiro
na praça, na estrada ou jardim
nem flor e nem a árvore veio
queriam é passar trote em mim
eu então conformado
não tem ouro vem ferro
fui voltar pelo lago
topei com ipê amarelo
que pote, que nada
no pé do danado
que ouro, que prata
só flor no chão forrado
foi bom porque eu já tinha perdido
a esperança que brilhara pra mim
pensei então: duende sabido
a flor é mais que ouro ou marfim
fim
Friday, July 09, 2010
d´existir
se sou eu bem aqui
que sobrou do ser
que deixou de querer
não tem tu vai tu
coma, só tem o frito
toma o troco de bala
breja quente na lata
ah eu não vou reclamar
mais um cá que dois lá
vem dormir, deixa estar
não perca tempo em sonhar
valeu você venceu
errado aqui só sou eu
o que quis, se perdeu
acorda pro mundo, ateu.
insisto? e sinto. e sim, tô.
para seguir o que não sei
às vezes sinto nos dedos
e provo o autêntico aroma
mas muda um grau o ponteiro
esvai-me sem pistas, só ais
volto ao vácuo infinito
um pentelho branco a mais
o que vivo era, quedou
cores, sons e porquês
são agora brisa leve
lembranças do que nunca houve
emaranho-me por legos
fácil ligar, lidar, brincar ser feliz
pra em seguida, sedento
buscar a peça rara. impossível?
pela falta d´outra doutrina
das que nunca foram minhas
mais uma ilusão deflagrada
mais uma esmurrada na faca
Tuesday, July 06, 2010
rasguei (letra prum róqui com sucrilhos)
eu juro que não faço por mal
a cólera sem causa me inave faça frio ou faça nada em densidade se arrasta pelo corpo são
corrói até o iogurte integral
nem respirar parece mais natural
dobro os joelhos com o peso e sem sentido agora eu vejo todo desejo em teu sorriso não
desculpe meu humor matinal
mas dói de um jeito pouco normal
minha repulsa com o latente veredicto o contraponto entre o existo e o desisto me lacera então
desculpe meu humor matinal
perdoe meu amor imortal
desculpe meu humor matinal
perdoe meu amor imortal
Monday, June 14, 2010
sai de mim
ele tá atravessado
no meio das costelas
enervando a sua volta
o espinho, rranquem!
da minha omoplata, svp
pinça, extirpa, mata!
sai zica, sai praga! eei!
cubram o sol que ofusca!
e me racha a cuca, louca.
tapem-lhe as ventas
se manda, se pula! Vai!
Tuesday, June 08, 2010
sonetim do sem-dom
adjetivos todos são aquém sujeito
gramática não fez regra que aporte
falta verbete no maior do aurélio
nessa hora tudo é pouco a traduzir
ou qualquer significado atribuir-lhe
tantos eram mas todos se erram
austera barreira a interrogação
vendo a alma por um dom
que diga agora o que não posso
fartas as letras como estão
artista das cores, um pintor
pois estou perdido por ela
cuja beleza afana palavras
Monday, May 10, 2010
Monday, April 26, 2010
tá escrito e ponto.
e ao mesmo tempo fazer, sem parar
cócegas na maior parte do cérebro
é brincar de deus com seu servo:
o papel que não resiste, tudo topa
ora pro bem, bem mais pro mal
é humilhante se se tem literatura
é libertário se se sente agoniado
é perigoso se se está apaixonado
escrever é preservar o tempo
escrever é gastar o tempo
escrever é viver
o não viver
do tempo
.
golpe baixo
a privar o caro estômago
da sensação. deixa-me curvo.
o ilustre mais um par de entranha
vibra no mesmo volume.
e ele grita! e exclama!
quando tocam clarke nem se fala
pastorious, sizão, ray brown
ou algum do nível que os valha
peco ao preferir a surdez
a não desmiolar os vizinhos
pra sentir o contra-baixo na tez
o que eu passava enquanto o tempo passava
tão útil seria quanto lamentar o caminho não percorrido enquanto andava.
não vou culpar tudo aquilo ou a quem não passaria de uma desculpa. ou duas.
tampouco justificar os excessos a que não me furtei só para esvaziar. . ..me.
mas vivi. e bebi. e sonhei. e trepei. e caí.
e comi. e saí. e ralei. distraí, desisti.
e cantei. e chorei. e não sei? me perdi.
e voltei. e amei. eu senti. existi.
e pirei. e fervi. e coei. me servi.
e ganhei. não rezei. abracei. resolvi.
e logo em seguida fugiu, nas costas de uma libélula zarolha, dentro de dois embrulhos de papel pardo, aquilo que era simplesmente tudo isso.
Wednesday, January 27, 2010
pororoca de si
nade
mergulhe nu
apontando o âmago como a lança de um arpão
mire apenas a intenção de profundidade
naufrague no silêncio absoluto, deeper and deeper
desfaça-se de tudo que não seja eu
insira-se no descontexto. você é apenas um ser vivo.
prove a desconstrução esvaindo-se na pororoca
no encontro de suor, lágrima e sangue
desprendidos de si.
Tuesday, December 29, 2009
Tuesday, December 15, 2009
mulheres. sempre surpreendentes.
para enchermos os pneus das bicicletas.
mas vou sem celular, ok?
- mas e se nos desencontrarmos?
- vamos ter de nos virar como antigamente!
- usando a intuição!
- não, meu bem. só a prévia programação.
Friday, December 11, 2009
submarino invisível
que flutua no ar sem ninguém ver
fui navegando a esmo, porém não ele
sabe-se lá como foi programado
para flagrar meus conhecidos
desde distantes aos queridos
e fui lá eu, num voyerismo inédito
vi sêo luiz devanear na entrada do prédio
pensando em como tirar da vida o tédio
viramos a esquerda e vi meu irmão
completando com alface e salame o pão
mas a cabeça, o pensamento, tava ali não
subimos 4 metros e minha mãe se perdia
usando com a samambaia toda a psicologia
pra descobrir o que de novo tinha o dia
e o submarino que ninguém vê
faz água de ar, e´inda tem mais
entra onde bem entender
pelas paredes, sem bater
subimos então o elevador com o coelho
que buscava algo em seu reflexo no espelho
viu-se regresso a seu tempo de fedelho
fomos parar a beira-mar, quando maria
em sua pele que por mais rubra não ardia
tragava da caipirinha sua eterna anestesia
de mar, pra mar, fui ter com tiago lá no tejo
vendo o sol se por do jeito que eu invejo
mas seu olhar além mar, além sol. quase cego.
subimos a prior coutinho, e ali tava o paulinho
em meio a obelixes e asterixes, ele abria caminho
na certeza de ir. para onde, não sabia um cadinho
e o roteiro continuou ao critério da nave
passei pela vienense do albergue de praga
pelo chris, em viena, o dono da rasgo, em espinho
pelo marmé em madrid, pela renate em paris
pelo gustavo no quadrado, sterlina australina,
passei por muita gente que nem supunha rever
cores, credos, estilos, manias, maneiras a rodo.
todos os tipos, de comum só o momento
exato ali, naquele quando, todos paravam
numa fresta de hora, pra pensar seu porquê
que só de um submarino invisível se pode ver.
Friday, November 13, 2009
detector de caretas
tenho um detector de caretas
cada rasgo rende um cometário
da boca do primeiro figura
que me olha como um paspalho
abismado com meus frangalhos
impressionante como funciona
se é de manhã, vem antes do bom dia
se é amigo, vem antes do "como vai"
se é chefe, vem antes do "cê é hippie?"
fora as tiradinhas sempre originais:
cachorro te pegou? pulou a cerca?
virou mendigo? tá na moda, ein?
como pode chamar tanta atenção
se nem de perto mostra mais pele
que o vestido da mina da uniban
minha calça deliciosamente velha
incomoda mais que a mulher do padre
Friday, October 16, 2009
eu não existo
isso é uma gravação
de uma máuqina programada para rir e fazer rir...
e vice-versa.
eu sou uma máquina programada para cutucar o nariz,
escovar os dentes, almoçar religiosamente todos os dias.
sou uma máquina...um androide programado para escrever,
para ler e assistir, inclusive dormir.
estou programado para dizer oi e tchau, roer unhas
e comentar sobre o tempo.
sou uma máquina apta a provocar uma guerra e incitar a paz.
sou uma máquina projetada com altos níveis de semlhença,
estética e funcional, com o que chamam de ser humano.
inevitável dizer...
que eu sou uma máquina programada para morrer.
verão que horário é esse
mas o fim do dia recompensa
verão que o dia dura mais
e a noite não tem pressa
verão que a dor do calor
carrega a alegria da luz
verão que parece ilusão
mas a vida fica mais linda
com o horário de verão
e aos que suaram com o trocadilho, peço perdão...
Saturday, August 15, 2009
do meu mundinho, direto pra você
aqui de bem a melhor
tem mousse com abacaxi
tucunaré, lambari
bem cedo me pinto de sol
bem tarde entro no lençol
tá chique meu toca discos
tem cinza n´água da piscina
kafta no forno, minhoca no bico
bloody mary inchando meu umbigo
tá certo, tem hora xumbrega
mulher que atrasa, apaga a vela
café amarga, rolha que esfarela
mas de resto, obrigado
não berro, não calo
tudo muito bonito
tudo muito brilhoso
sorriso odioso
sem risco, sem medo
de nada e de tudo
fácil fazer covinhas
mostrar os dentes
sem motivo.
por aqui vivo
é tudo vivo por aqui
não falta nada no mundo
além de você.
Wednesday, July 29, 2009
sábio flamboyant
suaves rugas de sabedoria
pois passa a vida em contorcionismos
incríveis, piruetas que levam anos
percorre caminhos áereos que traçam
no ar curtas, mas quase eternas trajetórias
não é preciso sensibilidade aguçada
para se apaixonar por um flamboyant
ele cativa da semente ao cacho, naquele laranja
que é dele como uma chama de identidade
mas tudo isso é beleza, é encanto. perguntas-me:
mas e a dita sabedoria?
está na raiz... de se saber e se fazer maravilhoso
seja na ilha da avenida, cercado de admiradores
ou no meio de uma floresta,
alheio a olhos de quem quer que seja.
Thursday, July 09, 2009
me dá motivo
poderia até me sentir mal ao reconhecer isto,
mas a nada levaria e mais: não sinto um pingo de culpa.
pois o que não me faltam são motivos para escrever.
e, se não o faço à tinta, escrevo mentalmente.
com a desgraça
e a maravilha
de fazer a história
em outra dimensão
mas descartável,
legada à efemeridade
da memória.
enfim, o causo que me traz aqui é um lindo motivo que rogava registro.
é importante
é tenso
é revelador
é bobo
nasceu o filho de um grande amigo meu.
malhado de vermei com branco
(ouvi dizer que é restício da placenta)
uma piroquinha tipo minduim e um saco feito ovo caipira
os zóim aberto, tudo curioso
chorando pra burro depois do insensato tapela nos fundos
e sacando só com os olhos . . . . a gatinha de rosa na caminha ao lado.
vem que vem, dé luiz.
Wednesday, June 03, 2009
o dia típico de outono encanta os olhos enquanto disfarça o sopro que gela a alma... assim como uma atípica linda mulher...
Monday, April 13, 2009
encontro
o seu cabelo vinha em desalinho e num gel de sebo liso colou-se então;
sapato fosco de chutar lata e toco. um tinha meio cadarço, outro só um alfinete.
vinha sabido e absrovido: esse era o jeito menos pretensioso de viver a vida:
venha o que vier... e vem quem quiser....
.
depois de meia hora tinha oitenta escovadas torneando cachos impecáveis.
seu cheiro dava um negócio suicida de esquecer de expirar e só puxar...
de preferência do pescoço cor-de-rosa ou do seu laço, ou do seu lenço.
vinha bem certa de que a vida um dia lhe reservaria alguma pilantragenzinha.
e aí, resumindo a história assim bem querendo encaixar uma melodia
pro pessoal esquecer a letra e piraaaaaaar no som.... o maltrapilho se
apaixona pela elegante bonitinhaaaaa......
Thursday, April 09, 2009
abandono imaginário
o saudoso sêo paez disse certa vez: ver as pessoas é questão de preferência... o que subentendi que falta de tempo é mera desculpa para os menos importantes... desde então essa frase me instiga e incomoda... na tênue fronteira entre verdade absoluta e tremenda injustiça... e hoje, vivenciando uma das situações mais gostosas de devaneio (dirigindo sozinho pela estrada), pensei no tempo que fazia desde meu último post aqui no blog... seria displicência com minha mídia? ou com as próprias palavras? este último pensamento doeu... assim como pessoas de quem gosto muito mas não nos vemos ou falamos há anos... e foi neste cruzamento de pensamentos, pessoas e palavras que vivem mais na minha cabeça do que em minha frente, de que cheguei à conclusão... as pessoas que eu amo nunca serão abandonadas, mesmo que não as veja até meus olhos serem digeridos pelos próximos da cadeia alimentar... assim como as palavras que sacodem como milhos numa cabeça de pressão...
e tenho certeza de que sabem que não vivo sem pensar nelas, assim como amigos distantes e até próximos que por algum motivo não aparecem do outro lado da minha mesa no bar...
Saturday, March 21, 2009
ler é algo desestimulante...
e olha que eu escrevo pelo simples tesão de escrever, sem a mínima expectativa que alguém leia, salvas as exceções e com todo respeito a você, claro.
também acho que deve haver pessoas que compartilhem desse meu sentimento: alguém já disse, e muito melhor do que você poderia pensar em fazer, sobre coisa parecida com o que você escreveria.
isso é um lado. o outro é ler coisas das mais interessantes e geniais de um woody allen ou tião carreiro e pardinho, como podem atestar abaixo.
O mineiro e o italiano viviam as barras
Dos tribunais em uma demanda de terra
Que não deixava os dois em paz
Só de pensar na derrota o pobre caboclo
Não dormia mais
O italiano roncava nem que eu gaste alguns capitais
Quero ver esse mineiro voltar de a pe pra minas gerais
Voltar de a pe pro mineiro seria feio pros seus parentes
Apelou para o advogado fale pro juiz pra ter dó da gente
Diga que nós somos pobres que meus filhinhos vivem doentes
Um palmo de terra a mais para o italiano é indiferente
Se o juiz me ajudar a ganhar lhe dou uma leitoa de presente
Retrucou o advogado o senhor não sabe o que esta falando
Não caia nessa besteira se não nós vamos entrar pro cano
Esse juiz é uma fera, caboclo serio e de tutano
Paulista da velha guarda família de 400 anos
Mandar leitoa para ele é dar a vitória pro italiano
Porem chegou o grande dia que o tribunal deu o veredicto
Mineiro ganhou a demanda, o advogado achou esquisito
Mineiro disse ao doutor eu fiz conforme lhe havia dito
Respondeu o advogado que o juiz vendeu e eu não acredito
Jogo meu diploma fora se nesse angu não tiver mosquito
De fato, falou o mineiro, nem mesmo eu tô acreditando
Ver meus filhinhos de a pé meu coração vivia sangrando
Peguei uma leitoa gorda foi Deus do céu que me deu esse plano
Numa cidade vizinha para o juiz eu fui despachando
Só não mandei no meu nome
Mandei no nome do italiano
(quase chorei e quase chorei de rir ouvindo o causo pelos acordes de viola, piano e voz do "conversa ribeira"). maravilhoso.
Monday, March 16, 2009
quem lê essa revista?
ou pode ainda ser o cara que tá louco com o ronaldo, puto com qualquer programa esportivo na televisão e grande parte da seção do jornal. aqui entre nós, esse último é evidente manifestação de dor de cotovelo. mas não é esse o assunto.
quem sabe seja o brother que saiu da escola, pegou a revista no sofá da sala e ali mesmo se jogou pra ler, enquanto rola um deep purple no ipod. sua irmã deixou ali quando chegou de manhã, como concluiu pelos flocos de cereal que foram pra sua cara logo no editorial.
bem capaz ser também o doutor flávio. ele tem todas as edições na sua sala de espera, evidentemente uma mais surrada que a outra.
dona silvia e maria joana, a nadadora master do clube da cidade, compartilham suas fofocas, novidades e besteiras como essa no yoga, de manhã.
pode ser o povo da facul que fica comentando no boteco sobre a periodicidade. nunca se sabe quando vai sair a próxima. e, dependendo do curso, pode ser quem fica se perguntando se é estratégia de marketing ou a turma questionadora da eventual efemeridade da informação, a desintegração do que é verdade no simples momento em que é dito ou escrito, para então perder seu valor.
certeza de que pode ser o sêo alberto, que lê tudo (até coisas menos públicas do que revistas e jornais) minutos depois de chegarem à portaria.
e eu tenho que pensar que pode ser até a madre helena, que desprega folha por folha pra forrar a gaiola do periquito.
ou o johnny, que leva pra academia para disfarçar seu cabeludo, mas real interesse visual.
quem sabe a dona olga, apreciadora de qualquer coisa que a vista lhe pesque, durante o cigarrim no cafezim da esquina da escola.
pode ser o mário, a valéria, o francisco, a fran, o chico, a ana maria e a ana carolina (não, não as gêmeas), o roberto e o beto, a vanessa, a van e a nêssa, o virgílio, o marco aurélio, a juliana, a julia, marina e mariana, e maria, a gabriela, bi e gabi, a marcela, o rodrigo, leandro, leonel e leonardo, fábio, mateus, o estevão, o guto, a sabrina e a carla, a rebeca, o carlito ou a vera.
pode ser o tio fred que matou o tadim do mosquito que subia no azulejo (tadim porque são aqueles inofensivos, de banheiro, saca?).
pode ser o zé matando tempo na banheira, a regina na fila do banco, a solange no trabalho, a zefa no serviço, o henrique na varanda, o washignton no telhado, o lau no intervalo, o ruy no supermercado, o lucas na lanchonete, a laura no bumba e o saulo no trem.
pode ser o igor, pela primeira vez, ou o rica, por curiosidade. ou a débora, assídua, ou estela, de ocasião. o juca, por falta do que fazer, ou então a joyce, por aparecer.
o laerte, quando esteve aqui. a elizete, que ganhou de presente porque é amiga do kiko, e disse poder mexer uns pauzinhos na mídia, gerar um auê, saca? ou a tânia, que picou as letras pra carta de sequestro, ou ainda o rômulo, que cortou o miolo pra esconder o jererê. o miltom só porque é revisor e pago pra isso. e pode ser a mariângela, o augusto, o douglas, o marcos, a lucila, o felipe, o ahmed, o rubens, a renata, o guilherme, a sofia e cada um dos anunciantes.
pode ser você, até. aliás, isso é bem provável. poxa, finalmente. não podia chegar aqui sem começar por um humilde:
licença. prazer. daniel.
esboço do meu primeiro texto pra revista circuladô, de são carlos.
Sunday, March 01, 2009
vida velada
alta e de cabelo branco como um mago
e vai, ou melhor, vem do fim pro meio
da vida, diminuindo e esvaindo-se
consumindo-se, desfazendo-se
incinera a própria existência
ardendo viva, na paciência
num exercício vital de penitência
existindo para sumir em palmas
em preces, em trechos de hora
dias, meses ou, (rio) vidas.
e quando a última luz se for
terá-se ido tudo aquilo que
o olho do fogo registrou
enquanto havia
pavio.
Wednesday, February 25, 2009
pregnant brother
apanhar da vida em várias idades
e crescer em todas elas
quando tiver a licenciatura tirada
com diploma em pele de carneiro
ou guardanapo de boteco
quando souber que não sabe nada
ou se achar que sabe tudo
quando esse moleque crescer vai entender
que não é do sangue que nasce um irmão
e por isso é bem válido que me chame de tio.
fácil vem, fácil fica
acariciando minhas papilas
quando verto o copo de cachaça?
doce e denso, desce e molha
quente a pena que, de pronto, escreve
em guardanapo de papel, fiel
às maluquices, cafonices e entranhices
de daniel.
Friday, February 13, 2009
o cara tava numas de amar a vida
ah... mas aí ele riu
-se.